Diário do Nordeste - Primeiro Caderno - Cidade - 13.12.2010
IRACEMA SALES REPÓRTER
Os meteorologistas ainda adotam a cautela para falar sobre o período chuvoso do próximo ano em nossa região
Começa a expectativa em torno da quadra chuvosa do Ceará para 2011. As chuvas registradas na região no Cariri de até 97 mm, nos últimos dias, e a onda de calor na Cidade, nos últimos meses, deixam o fortalezense ainda mais apreensivo.
No entanto, a população terá que esperar um pouco mais para saber sobre a quadra chuvosa do próximo ano, pois a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) promete divulgar o primeiro prognóstico de chuva somente na primeira quinzena de janeiro.
No momento, "não podemos dizer nada", explica Angélica Oliveira, meteorologista da Funceme, atribuindo as chuvas registradas no Cariri a uma frente fria que está localizada na Bahia. Descarta qualquer relação com a próxima quadra chuvosa do Estado, cujo período oficial compreende os meses de fevereiro a maio.
A Funceme pode adiantar que "estamos vivendo o fenômeno La Niña", fazendo com que as águas do Pacífico se tornem mais frias. "Vai depender da configuração do Atlântico", que deve acontecer a partir de janeiro, afirma a meteorologista. Até lá, considera muito cedo para fazer prognóstico científico.
Enquanto o discurso científico não vem, o cearense recorre ao saber popular. Hoje, Dia de Santa Luzia, à noite, agricultores e donas-de-casa costumam colocar seis pedras de sal, representando os seis primeiros meses do ano, sobre um pano e deixam do lado de fora da casa.
Na manhã do dia seguinte, a pedra que estiver mais dissolvida significa que será o mês mais chuvoso do próximo ano. Mas nem sempre os prognósticos e as experiências populares coincidem com o discurso científico. No ano de 2010, profetas populares e pesquisadores da Funceme não falaram a mesma linguagem.
Os profetas populares, a partir de suas experiências, apostaram em bom inverno. Do outro lado, pesquisadores atentaram para a influência do El Niño sobre o Pacífico, com redução de chuvas no Nordeste.
LA NIÑA
Fenômeno poderá acarretar em bom inverno
O meteorologista e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Alexandre Costa, explica que o fenômeno La Niña, ou a menina, em espanhol é oposto ao El Niño. "Enquanto este implica em um aquecimento anômalo das águas do Pacífico central e leste, condições de La Niña significam que aquele oceano esfria".
Conforme o especialista, normalmente, as águas do Pacífico Leste são frias e as chuvas sobre ele ficam restritas à porção oeste da bacia. No caso de ocorrência de El Niño, "nuvens profundas e chuvas aparecem por sobre quase toda a bacia, modificando a circulação geral da atmosfera e induzindo secas em locais como o Nordeste e a Amazônia", esclarece.
No caso de La Niña, como acontece no momento, as condições normais são exacerbadas e as águas do leste e centro do Pacífico, normalmente frias, ficam mais frias ainda. No entanto, adverte: não é que toda La Niña conduza a um ano chuvoso no Nordeste, nem que todo ano de chuvas abundantes coincida com a sua ocorrência.
O meteorologista chama a atenção para outros fatores, explicando que "as nossas chuvas dependem muito do Atlântico", lembrando que, geralmente, só se configura de forma mais definitiva depois de Janeiro. Mas a incidência de secas sobre o Nordeste é bem mais rara quando temos condições de La Niña, que favorece a ocorrência de anos normais a chuvosos, explica Alexandre.


segunda-feira, dezembro 13, 2010
Redação do IN
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